sexta-feira, 31 de agosto de 2007

jogo do bicho

Tá errado, bicho!
O Ministério Público Federal na Bahia tem todo o direito de mandar fechar o jogo do bicho. É legal.
Mas daí a estar certo é outra coisa e está na hora de abrir este debate no país.
É um grande cinismo mandar fechar o ancestral jogo do bicho, tradição do Brasil desde o Império, sob a alegação de que se trata de exploração de jogo de azar.
Se a ordem é fechar e prender quem explora o jogo de azar, então que se prenda o presidente da Caixa Econômica Federal e seus gerentes Brasil a fora.
A CEF é a maior banca de jogo de azar do país, com MegaSena, LotoFácil, Quina, Lotomania, Dupla Sena, Federal, Instantânea, Loteca a ainda Lotogol.
Aliás, é bom preparar uma vaga na cadeia para o presidente Lula, que assinou lei criando a Timemania, outro jogo de azar.
A diferença entre a CEF e o bicho é que estes têm mais credibilidade.
Muita gente contesta a "coincidência" de, de 2002 para cá, a MegaSena só sair depois de acumular mais de R$ 20 milhões e, ainda por cima, para cidades pequenas do interior.
Não tem lógica. Qual a probabilidade de São Paulo, com 10 milhões de jogadores nunca ter um ganhador, enquanto cidades de 10, 20 mil habitantes acumulam vencedores? Duvido que um matemático me convença.
Só quando exigirem o CPF do apostador no talão e o pagamento for feito direto numa conta em nome do ganhador real eu vou poder acreditar na isenção da CEF.
Hoje, só se vê resultado improvável e estranho.
Já no jogo do bicho todo mundo acredita, sabe que o prêmio é honrado, que o sorteio é sério e isento.
Em Itabuna o jogo do bicho emprega mil pessoas diretamente, o que significa cerca de cinco mil pessoas sobrevivendo de um jogo que não é mais "de azar" que os da Caixa Econômica.
Será que a ofensiva em cima do bicho é porque o ano eleitoral está chegando?
Será retaliação por achar que o bicho apoiava os carlistas de antes?
Não pode ser para dar cumprimento à lei, porque não vejo a mesma vontade em prender os políticos que roubam a sociedade todo dia.
É... não pode ser isso.

Marcel Leal
marcel@leal.com